Apresentação das parcerias público privadas. O caso português no sector da saúde
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1.6. Desvantagens/riscos das PPP

A utilização das PPP, por regra, só se justifica em projectos complexos e de elevado valor, de modo a poder maximizar os custos associados à preparação e lançamento destes projectos, que exigem elevados investimentos ao Estado e aos concorrentes privados, não tendo estes, à partida, garantia da adjudicação.

Em síntese, as principais desvantagens apontadas às PPP são:

Associada a fenómenos de desorçamentação Estarem associados à "fuga" ao controlo democrático das contas públicas
Apenas aplicável a projectos complexos Exigem uma fase de preparação, estudo, avaliação e negociação de propostas bastante demorada face aos sistemas tradicionais e, simultaneamente, exigem maiores custos nesta fase, tanto para o Estado como para as entidades privadas

Eventual inexperiência ou falta de "know-how" do Estado Falta de experiência em montar e negociar com os privados estes projectos, sendo que estes têm melhores condições para dominar as áreas de negócio, nomeadamente através do apoio do sector bancário e da contratação dos melhores técnicos do mercado

Dificuldades na negociação dos aspectos finais do contrato É necessário definir antecipadamente as regras que vão reger a parceria no longo prazo, nomeadamente as modalidades e condições de reequilíbrio financeiro

A possibilidade de erros na fase de preparação do projecto Possíveis erros que condicionem/limitem a sua execução ao longo do tempo, nomeadamente a inexistência ou incorrecta definição:
  • Dos estudos do verdadeiro interesse/necessidade em realizar o projecto (tentação de realizar os projectos rentáveis ou com melhor impacto público, em detrimento dos projectos realmente necessários);
  • Do comparador público (representa uma estimativa do custo de realização do projecto pelo sector público, podendo estar a usar-se valores exagerados ou inadequados);
  • Do uso de cenários pouco realistas (previsão excessiva de receitas como forma de justificar o projecto);
  • De uma má definição e alocação dos riscos (exemplos: não previsão de expropriações ou falta de estudos de impacte ambiental);
  • Dos indicadores de actividade.
Qualidade do serviço Possibilidade de perda na qualidade do serviço prestado, uma vez que o sector privado irá orientar a sua actuação com base em objectivos economicistas
Originar falta de flexibilidade Das parcerias pode resultar um condicionamento das políticas sectoriais no longo prazo (exemplo: nas SCUT's ficou condicionado o programa nacional rodoviário)

 

1.7. Alternativas às PPP

As principais alternativas ao modelo das PPP são:

O modelo tradicional O Estado realiza a obra e fica responsável pela sua exploração, recorrendo às verbas do Orçamento de Estado para suportar as despesas

A constituição de Empresas Públicas O Estado cria uma empresa pública com o fim específico de executar o projecto

A privatização da actividade O Estado abdica totalmente da propriedade e gestão da empresa com o objectivo de realizar mais valias, supostamente para reduzir a dívida pública ou investir em novos activos

O "Corporate finance" Concessão de subsídios ao investimento/exploração de entidades privadas que desenvolvam actividades de interesse público

As "Joint-ventures" Aliança entre duas ou mais empresas para a criação de um novo produto ou serviço, em que, geralmente, uma proporciona o financiamento e a outra possui as competências técnicas necessárias ao desenvolvimento do negócio

O "Out-sourcing" Contratação de serviços a terceiros, geralmente não nucleares à actividade desenvolvida - contabilidade, segurança, limpeza, refeições, manutenção

O "Contracting-out" Realizado através da contratação externa de produtos e serviços por parte do Estado

A Engenharia financeira
  • O "leasing" de equipamentos (exemplo: aquisição de submarinos pela Marinha);
  • O "Lease-back" (venda de bens públicos a privados que depois são arrendados pelo Estado);
  • A securitização de dívida pública (venda de créditos do sector público).


  • Formas alternativas de Financiamento Concretizado por diversas vias, nomeadamente, através da emissão de dívida pública (exemplo: recurso ao mercado obrigacionista ou a títulos do tesouro).

    Embora sejam métodos alternativos de realização de projectos, a sua natureza e forma, não garante que possam todos ser considerados como métodos alternativos de realização de grandes empreendimentos públicos, sendo alguns apenas formas alternativas de financiamento.


     
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