O impacto da informação contingente em contabilidade e auditoria
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6.1. Problemas na auditoria da incerteza

A Statement of Auditing Standards (SAS) 57, Auditing Accounting Estimates (AICPA, 1988), demonstra a ambiguidade dos acontecimentos futuros, exemplificando situações onde a estimativa contabilística é requerida devido à "mensuração de certos montantes ou a avaliação de certos itens ser incerta, dependente do resultado de acontecimentos futuros" (AU§342.04, a.), sendo que o maior problema das estimativas prende-se com a incerteza do resultado de acontecimentos futuros.

A análise dos critérios da empresa obrigam o auditor a efectuar os seus próprios julgamentos sobre probabilidades de ocorrência e razoabilidade das estimativas e as compare com o conteúdo das contas anuais. Além disso, a auditor terá de avaliar a informação divulgada no anexo acerca das mesmas, com particular ênfase nas explicações dos critérios utilizados e valores encontrados e na natureza das situações ou justificações para a impossibilidade de efectuar uma estimativa razoável.

Quando os ciclos económicos se encontram em fase de declínio, as empresas têm maiores dificuldades em apresentar resultados positivos. Isto pode conduzir à existência de alguma pressão por parte da direcção da empresa, no sentido de se adoptarem políticas contabilísticas que melhorem a aparência dos resultados. Nestas circunstâncias, assiste-se a um incremento do risco da auditoria nas áreas relacionadas com estimativas, devido a possíveis erros propositados em conluio entre a direcção e o responsável pela elaboração das demonstrações financeiras.

A toda a subjectividade já descrita, acresce o facto de grande parte das situações, dada a natureza dos mesmos, não se encontrarem reflectidas contabilisticamente, o que não ajuda à fiabilidade de um sistema de controlo interno relativo a tais situações. Assim, o auditor deve desenvolver todos os esforços de modo a obter evidências sobre os riscos inerentes ao negócio da empresa, realizando uma avaliação prévia de todas as áreas onde seja susceptível a ocorrência de situações que envolvam incertezas, o que onerará o trabalho do auditor impossibilitando-o, porventura, de se dedicar a outras áreas, também elas bem delicadas.

Para além do referido, importa ter sempre presente a legislação em vigor sobre normas de qualidade, normativos sobre o ambiente, legislação fiscal, normas de entidades reguladoras e outros que possam relacionar-se com a possibilidade de ocorrência de responsabilidades futuras, o que significa a necessidade de uma actualização permanente por parte do auditor. Para além disto, o auditor deve ter uma visão de potenciais regulamentações, o que é vasto pelo grande número de áreas possíveis de afectar as entidades auditadas.

Em consequência das condições de incerteza sobre as quais se realizam julgamentos, cada um, talvez, mais subjectivo do que o outro, o risco de Auditoria aumenta, assim como as preocupações do auditor, quando esteja perante demonstrações financeiras com muita informação contingente. Por tudo isto, esta área assume um carácter problemático, em que o futuro incerto e contingente assombra o trabalho do auditor, dificultando-o na medida em que o torna complexo e subjectivo.

 
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