O impacto da informação contingente em contabilidade e auditoria
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7.3. Controlo interno

Importa, em qualquer trabalho de Auditoria, contemplar o controlo interno, realizando, ainda na fase de planeamento, uma análise preliminar do mesmo, em particular, da sua estrutura organizativa, assim como avaliar os conhecimentos por parte do auditor ao nível da empresa. Já no decorrer da execução da Auditoria, propriamente dita, devem realizar-se testes sobre o controlo interno, de modo a que se possa aferir da validade das primeiras avaliações feitas sobre o risco inerente e o risco de controlo. O facto da revisão preliminar do sistema de controlo interno evidenciar carências significativas, incrementa de forma directa o risco de controlo, ou seja, diminui a possibilidade de a empresa, através dos procedimentos estabelecidos, ser capaz de detectar e corrigir erros ou práticas não adequadas, o que por sua vez incidirá no risco de detecção.

A dificuldade ao nível da avaliação do controlo interno nesta área prende-se com o facto de os acontecimentos serem de desenlace incerto e dependentes da ocorrência ou não de determinados eventos futuros, os quais serão determinantes no impacto nas demonstrações financeiras. Assim, podemos encontrar-nos perante operações das quais não temos qualquer tipo de documento comprovativo enquanto não procedermos, por exemplo, ao pagamento, dificultando o controlo, na medida em que as situações de incerteza não estão contempladas em qualquer documento contabilístico. Deste modo, os acontecimentos contingentes diferem, pelas suas características, das restantes rubricas que são processadas pelo sistema contabilístico de forma mais rotineira. A natureza dos próprios acontecimentos implica que seja pouco provável que o auditor, ao examinar o sistema de controlo interno, possa confiar da mesma forma como faria perante outras rubricas.

Na verdade, a grande maioria dos acontecimentos contingentes não são operações ditas normais ou correntes nas empresas, pelo que se torna difícil para o auditor ter confiança nos sistemas de controlo interno para detectar situações incertas passíveis de contabilização ou de tratamento alternativo. Para corroborar o acima descrito, COSTA (1995, pp.156-157) faz alusão a uma das limitações do controlo interno: "transacções pouco usuais". Segundo o mesmo autor, "um sistema de controlo interno é geralmente implementado para prever transacções correntes. Assim sendo, acontece muitas vezes que as transacções pouco usuais escapam a qualquer tipo de controlo".

Um dos objectivos do controlo interno é assegurar a confiança e a integridade da informação. Esta função ganha nesta área grande pertinência dada a subjectividade que a caracteriza, pelo que palavras como confiança e integridade são algo que introduz uma maior fiabilidade às rubricas em questão. Ou seja, o controlo interno servirá, em princípio, para alcançar a fiabilidade da informação financeira [11], a qual está impregnada de subjectividade. O conhecimento dos procedimentos e dos métodos, incluindo os sistemas contabilísticos e de controlo interno, utilizados pela direcção ao efectuarem as estimativas contabilísticas, detêm um interesse enorme no que respeita ao planeamento da natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de Auditoria, como corrobora a International Standard on Auditing (ISA) 540, Audit of Accounting Estimates, [International Federation of Accountants (IFAC), 1998a, §9]).

 
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