O POCAL como instrumento de modernização e reforma da administração local |
3. O plano oficial de contabilidade das autarquias locais
3.1. Apresentação
As autarquias locais são organizações cada vez mais complexas, participando de forma crescente na provisão de bens e serviços públicos, sendo, por isso, manifestamente insatisfatória a manutenção de um regime contabilístico que procurava responder apenas a preocupações ligadas ao controlo da legalidade e do equilíbrio financeiro (na óptica de tesouraria), mostrando-se necessário adoptar um novo sistema que procurasse também dar resposta a questões relativas à produtividade e economicidade.
De facto, a gestão moderna das organizações (públicas ou privadas) pressupõe o conhecimento dos recursos disponíveis, bem como do nível de eficiência e economicidade na sua utilização, do grau do cumprimento dos seus objectivos, dos resultados da actividade desenvolvida pela entidade e do seu património, ou seja, necessita de informação, que é hoje um instrumento essencial da gestão.
Era, assim, urgente complementar (e não substituir) o sistema "geral" de contabilidade autárquico então vigente, de modo a suprir as deficiências atrás citadas ao nível das autarquias locais, implementando, designadamente, princípios de contabilidade geral ( também designada de financeira ou patrimonial ) que apoiassem a gestão patrimonial e financeira daquelas entidades.
Entendia-se, por outro lado, que seria relevante a utilização da contabilidade de custos, que permitisse o apuramento dos custos por funções e dos custos subjacentes à fixação dos preços ou tarifas dos serviços por elas prestados ou dos bens fornecidos, bem como a determinação dos custos dos elementos do património executados por aquelas entidades [11].
Em suma, parece-nos que pode afirmar-se que havia algum consenso quanto à conveniência de importar para o universo das autarquias locais determinados princípios e conceitos de gestão empresarial, com o objectivo de contribuir para rentabilizar o seu património, evitar desperdícios e melhorar a qualidade dos serviços prestados às populações, ainda que não seja possível esquecer que um serviço público, como é o das autarquias locais, não visa objectivos idênticos aos das empresas privadas (pois enquanto que estas perseguem o lucro, as entidades públicas tem por finalidade a prestação de serviços às populações).
Acresce que também se mostrava cada vez mais necessário proceder à uniformização e normalização de toda a contabilidade autárquica.
É, assim, neste contexto que foi publicado o já referido POCAL, através do qual se deu cumprimento: